A catequese de inspiração catecumenal

Pe. Videlson Teles de Meneses

I. Um pouco de História…

Do cristianismo primitivo à Idade Média

– “A época mais bem sucedida da catequese posterior à Igreja apostólica é a do catecumenato para a iniciação cristã de adultos, organizado no século II: Catequese histórica e bíblica, cristocêntrica e pascal; comunitária e litúrgica, que introduz numa moral centrada na fé, na esperança e na caridade, com predomínio do vivencial e do prático sobre o doutrinal e teórico” (Manual de Catequética, p. 60).

– Hipólito de Roma (por volta de 215), descreve a organização do catecumenato em Roma, com duração média de três anos. Um padrinho apresenta o candidato à comunidade, que examina suas disposições. Admitem-se crianças sempre e quando seus pais se comprometem a educá-los de maneira cristã.

– As Constituições Apostólicas (cerca de 380), atestam ainda um catecumenato de três anos, dirigido por catequistas preparados. O catecúmeno aprovado no escrutínio sobre sua vida e conhecimento passa a eleito, iluminado ou competente. A partir de então presencia a liturgia eucarística. Durante a Quaresma recebe catequese diária e exorcismos com imposição das mãos.

– A partir do Edito de Milão (Constantino e Licínio, 313) e da declaração do cristianismo como religião oficial do império romano (Teodósio, 381), o batismo em massa, inclusive o batismo de crianças, começa a suplantar o catecumenato.

– Na Idade Média, Carlos Magno (século IX) exige que paróquias e mosteiros tenham escolas para ensinar a doutrina cristã.

– os sínodos diocesanos e os concílios provinciais vão definindo um conteúdo mínimo para a profissão de fé, formulando a doutrina cristã e depois o catecismo, que progressivamente substitui o contato direto com a Bíblia. Vai predominando a moral sobre o querigma.

A catequese pré-tridentina na América

Inicialmente não há muita preocupação religiosa com os indígenas. Com o passar do tempo, renasce a dimensão social da catequese com denúncias de missionários contra as injustiças dos conquistadores. Entre estes missionários encontram-se Frei Antônio de Montesinos (em Santo Domingo); Dom Cristóbal de Pedraza (bispo em Honduras); Dom Juan do Vale (bispo na Colômbia). Há experiências catecumenais excepcionais: Frei Ramón Pané, leigo Jerônimo catalão (Haiti, 1494), conhecedor de várias línguas indígenas, realiza em dois anos o catecumenato de uma família, da qual quatro morrem mártires; o capelão Francisco de Andrada (Paraguai, 1538), aguarda um ano antes de batizar os indígenas carios; o Beato Pedro de Gante (México, 1523), franciscano, introduz a confraria, sistema catecumenal urbano que reúne separadamente espanhóis, indígenas, mestiços, negros, mulatos ou zambos, geralmente conforme o ofício.

A catequese no Concílio de Trento (1545-1563)

O Concílio de Trento considera a catequese como tarefa dos pastores, inserida na estrutura diocesana e paroquial, e conectada aos momentos sacramentais. O Catecismo Romano (1566), fruto do Concílio, esclarece a doutrina católica sem polemizar com as heresias, com rico aporte bíblico, patrístico e magisterial, propondo-a à contemplação admirativa e ao compromisso ativo , com grande qualidade espiritual e pastoral. Somente em 1777 é traduzido ao castelhano, por isso, não influenciou a missão em nosso Continente (cf. Manual de Catequética, pp. 69-70).

O Concílio de Trento origina na América concílios provinciais que publicam catecismos duradouros e sínodos diocesanos que se ocupam de como colocá-los em prática.

O Vaticano II (1962-1965)

– O documento Ad Gentes revaloriza o catecumenato e dá orientações para os catequistas, assentando as bases para os celebrantes da Palavra e o ministério da catequese. O Ritual para a Iniciação Cristã de Adultos (RICA), publicado em 1972, atualiza o catecumenato de adultos e dá orientações para a catequese preparatória aos sacramentos da iniciação.

As Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano e Caribenho

Medellín (1968)

– impulsiona a evangelização dos batizados e novas formas de catecumenato na catequese de adultos

– propõe uma catequese que conecte o desígnio salvador de Deus com as legítimas aspirações humanas, em vista da libertação plena e integral

– valoriza criticamente a religiosidade popular, que deve ser assumida e evangelizada

– propõe uma catequese formadora de construtores de paz

– sugere devolver à família sua capacidade evangelizadora

Puebla (1979)

– assume a Exortação Evangelii Nuntiandi, de Paulo VI, que situa a catequese dentro do processo mais amplo de evangelização

– propõe a libertação para a comunhão, mediante uma participação que dinamize a catequese

– entende a catequese como processo de conversão e crescimento permanente e progressivo da fé, que integra conhecimento, celebração e profissão de fé na vida

– sugere uma catequese antropológica (Cristo, Igreja, ser humano)

– insiste numa catequese bíblica contextualizada na vida

-propõe uma catequese permanente desde a infância à terceira idade, multiplicando-se os catequistas adultos autóctones

Aparecida (2007)

– propõe a Iniciação Cristã como a maneira prática de colocar alguém em contato com Jesus Cristo e introduzi-lo no discipulado: “impõe-se a tarefa irrenunciável de oferecer modalidade de iniciação cristã…” (DAp 287-288). A iniciação cristã refere-se à iniciação nos mistérios da fé, seja na forma do catecumenato batismal para os não batizados, seja na forma do catecumenato pós-batismal para os batizados não suficientemente catequizados. Importante distinguir o catecumenato de outros processos catequéticos e formativos que podem ter a iniciação cristã como base (288).

A Exortação Apostólica pós-sinodal Ecclesia in America (1999)

– sugere um processo muito inspirador para a catequese

– sua principal proposta catequética é favorecer o encontro com Jesus Cristo vivo, dando coloração querigmática à catequese

-chama a vitalizar a catequese com o Catecismo e com o Diretório Geral para a Catequese. Este tem de criar consciência no clero sobre o conjunto das condições de uma boa catequese

– inspira-se na Doutrina Social da Igreja, que deve ser parte do conteúdo da catequese comum a todos os fiéis

II. A catequese inspirada no processo catecumenal

“É a inspiração catecumenal que deve iluminar qualquer processo catequético” (DGC 90)

“O catecumenato é um espaço de tempo em que os candidatos recebem formação e exercitam-se praticamente na vida cristã. Desse modo, adquirem madureza as disposições que manifestaram pelo ingresso” (RICA 19).

“O catecumenato é o período da formação cristã, de caráter catequético-litúrgico, criado pela Igreja dos primeiros séculos com o fim de preparara e acompanhar os convertidos adultos ao encontro do mistério de Cristo e da vida da comunidade eclesial, expresso em seu momento culminante pelos Sacramentos da Iniciação Cristã” (Manual de Catequética, p. 108).

O catecúmeno é a pessoa que está sendo instruída, catequizada, iniciada na escuta da Palavra de Deus. E catequista é quem instrui na Palavra de Deus.

Catecumenato_–_um_modelo_de_iniciação_cristã’>Catecumenato – um modelo de iniciação cristã

Itinerário proposto pelo RICA:

– Os simpatizantes….

Os quatro tempos:

Pré-catecumenato (RICA 9-13): querigma (=proclamação) tem como finalidade suscitar a fé em Jesus de Nazaré enquanto Messias e Filho de Deus. O objetivo deste tempo é proporcionar a adesão a Jesus Cristo, a conversão de vida e a sensibilidade eclesial. A estratégia fundamental é a relação interpessoal, que envolve catequistas, introdutores, membros da comunidade, padrinhos/madrinhas e ministros ordenados com o/a candidato/a. Seguem-se à conversa inicial encontros informais, que servirão para falar da vida, do evangelho do dia, da celebração…, e poderão ser realizados antes ou depois da celebração da comunidade. O RICA pontualiza aquilo que caracteriza este tempo: “Faça-se (…) uma conveniente explanação do evangelho aos candidatos” (n. 11). Isso indica a apresentação do querigma, o “anúncio do mistério de Cristo” (n. 295). Outra estratégia é o acompanhamento dado pelos introdutores. Além de dar testemunho dos candidatos, são convidados, juntamente com a comunidade, a ajudá-los “a encontrar e seguir a Cristo” (cf. n. 77) através de conversas sobre a vida, a leitura bíblica, a oração pessoal e conversas sobre a fé. Mais estratégias: leitura bíblica, oração pessoal, aproximação à comunidade, exorcismos (orações de fortalecimento no caminho do Senhor) e bênçãos. Como organizá-lo? a. suscitar catequistas e introdutores; b. formá-los; c. acolher os interessados; d. indicar um introdutor a cada interessado; e. anunciar o mistério de Jesus (evangelização); f. rezar pelos interessados e com eles; g. promover o entrosamento na comunidade.

Catecumenato (RICA 14-20): catequese integral e celebrações; ponto de partida: o ministério – da comunidade: a comunidade cristã é “a referência concreta da Igreja de Jesus para os que fazem o caminho da fé” [Domingos Ormonde, Revista de Liturgia, 164 (2001) 27]. Os membros da comunidade anunciam com palavras e com a vida a mensagem de Cristo e anunciam sua graça; difundem a fé nas várias circunstâncias da vida cotidiana; auxiliam os que procuram a Cristo e devem acolhê-los nas reuniões comunitárias e em suas próprias famílias; dos introdutores: “o candidato que solicita sua admissão entre os catecúmenos é acompanhado por um introdutor, homem ou mulher, que o conhece, ajuda e é testemunha de seus costumes, fé e desejo” (n. 42). Participam da avaliação das disposições do candidato (cf. n. 16). Função do introdutor: “ensinar familiarmente (…) como praticar o evangelho em sua vida particular e social, auxiliá-la nas dúvidas e inquietações, dar-lhe testemunho cristão” (n. 43?). Escolher e preparar introdutores: “devem ser pessoas de fé, já iniciadas, constantes na vida litúrgica da comunidade e na comunhão eucarística, orantes, atentas à Palavra de Deus, amigas das pessoas, solidárias com os mais pobres, respeitosas para com todas as religiões, simples no relacionamento pessoal” [cf. D. Ormonde, RevLit 164(2001)28]; dos catequistas: “Cuidem de que a catequese seja penetrada do espírito evangélico, em harmonia com os ritos e o calendário litúrgicos, adaptada aos catecúmenos e, na medida do possível, enriquecida pelas tradições locais” (n. 48). Os catequistas têm uma atuação litúrgica significativa: podem presidir as celebrações da Palavra próprias do catecumenato, orações e bênçãos de forma comunitária e pessoal (nn. 102;106-108;119). Critérios: devem ter facilidade de trabalhar em equipe, habilidade para lidar com grupos e para falar em público; ter certo conhecimento orgânico da fé cristã [D. Ormonde, RevLit 165 (2001)10]; dos ministros ordenados (bispos, presbíteros e diáconos): seria bom que os ministros ordenados dispensassem uma atenção pessoal e espiritual aos catequistas e introdutores, além de cuidar de sua formação (cf. Congregação para o Clero, Diretório Geral para a Catequese, SP: Loyola/Paulinas, 1998, n. 233). O catecumenato é compreendido como tempo especial de iniciação na escuta da Palavra de Deus, pois a Escritura é o livro do catecumenato nas reuniões catequéticas, nas celebrações, na oração pessoal.

O catecumenato tem como objetivo a iniciação no “mistério da salvação e na prática dos costumes evangélicos”, além da introdução “na vida de fé, da liturgia e da caridade do povo de Deus” (n. 98). Os meios indicados são a catequese (reuniões e celebrações), a prática da vida cristã (desde a oração até a caridade), a liturgia (catecumenal e comunitária) e o testemunho da vida e a profissão de fé (cf. n. 19). No catecumenato formação e vivência se interpenetram mutuamente. O catecumenato é conhecimento e seguimento de Cristo.

Purificação e Iluminação (RICA 21-36): durante a Quaresma; escrutínios = orações de caráter purificador, e entregas; tempo de oração mais intensa; a celebração da eleição introduz os catecúmenos neste tempo. É destinado a uma preparação espiritual mais intensa (n. 6), enfocando a vida interior (n. 25). A purificação realiza-se pelo exame de consciência e pela penitência, enquanto que a iluminação “por um conhecimento mais profundo de Cristo (n. 25). A Quaresma é o momento mais adequado para este tempo pelo seu valor litúrgico e pela participação comunitária. A purificação e iluminação têm ritos próprios: as entregas, os escrutínios (= ritos penitenciais) e os ritos de preparação imediata realizados no sábado santo. O Ritual propõe que o sábado santo seja um dia de preparação pessoal para a celebração dos sacramentos dedicado ao recolhimento, à oração e ao jejum (cf. n. 26).

Mistagogia (RICA 37-40): experiência, tempo pascal. O objetivo desse tempo é a plena integração no mistério de Cristo e da Igreja. O que caracteriza o tempo da mistagogia é a experiência, a fim de se ter um “conhecimento mais completo e frutuoso” (n. 38) do mistério celebrado. Durante o tempo Pascal, “a comunidade, unida aos neófitos, quer pela meditação do evangelho e pela participação na eucaristia, quer pela prática da caridade, vai progredindo no conhecimento mais profundo do mistério pascal e na sua vivência cada vez maior” (n. 37). O lugar primordial da mistagogia são as celebrações eucarísticas dominicais do tempo Pascal, pois a celebração comunitária é o lugar da experiência. A comunidade deve se empenhar para que a integração dos neófitos na comunidade seja “completa e feliz” (n. 235), cercando-os de afeição e ajudando-os a se sentirem felizes na comunidade cristã (cf. n. 41.5), porque a experiência comunitária passa também pelo relacionamento interpessoal.

O método dos encontros

“Na transmissão da fé, a Igreja não possui um método próprio, nem um método único, mas sim, à luz da pedagogia de Deus, discerne os métodos do tempo, assume com liberdade de espírito (…) todos os métodos que não estão em contraste com o Evangelho , e os coloca a serviço deste” (Diretório Geral para a Catequese, n. 148)

A interação fé-vida é o princípio assumido pelo documento Catequese Renovada (1983) e reafirmado pelo DNC (2006): “De um lado, a experiência de vida…” (CR n. 113). A formação de grupos pequenos, tendo a experiência pessoal ou coletiva como ponto de partida, conduz ao vivencial, aspecto importante em nossos dias. A Palavra de Deus ilumina a situação, que é apresentada ao Senhor em oração.

O conteúdo dos encontros

O RICA não apresenta o conteúdo, mas somente as celebrações. O Catecismo pode ser uma referência na hora de organizar o conteúdo do processo catequético. Ele traz os quatro pilares da vida cristã: a profissão de fé, a celebração do mistério cristão, a vida em Cristo, a oração cristã. Além destes pilares, o DGC lembra as três “partes” históricas: a história da Salvação, Jesus Cristo e a história da Igreja. São as sete pedras fundamentais da catequese. Jesus Cristo ocupa o centro, por isso mesmo é fundamental começar por ele.

Sugestão: organizar o conteúdo a partir do Evangelho de Mateus, texto essencialmente eclesiológico, que ajudaria o catecúmeno a encontrar Jesus na vida comunitária com todos os seus elementos apresentados no Catecismo.

Vejamos como isso pode ser feito. Tomemos como exemplo Mt 1,1-17, a genealogia. Como este texto poderia ser refletido? Em primeiro lugar, podemos partir da experiência de todas as pessoas, que fazem parte de um povo e têm sua genealogia. Este é um dado importante na vida das pessoas, muitas vezes desconsiderado. Qual é minha origem? Qual é o meu povo? Quem são meus ancestrais? Quais seus nomes? Quem são os mais importantes? Por quê? A partir destas perguntas situar Jesus na história de seu povo, Israel, desde Abraão. Assim é possível recorrer à eleição de Abraão, sua vocação/missão e sua descendência: os patriarcas, os profetas, os reis, Jesus (Pentateuco). A partir de Davi, estudo do reino de Israel: Saul e Salomão; o reino dividido; o exílio. Desse modo a história de Jesus é inserida na história de seu povo. Jesus é o centro, partimos dele e voltamos a ele. Tempo após o exílio: Zorobabel, José. As cinco mulheres: Tamar, Raab, Rute, Bersabéia (a mulher de Urias), Maria. Aqui temos um exemplo de como podemos interligar as sete pedras fundamentais. O nascimento de Jesus: meu nascimento, meu nome, pai, mãe, família, quem me visitou, que ganhei de presente; (ver agenda)

As diversas celebrações ao longo do “catecumenato”

“…trata-se de celebrar e não de explicar; de experimentar e não de conhecer. O que se pretende é conseguir a participação dos catecúmenos na liturgia” [C. Floristán, … cit. Por Ormonde em RL173(2002)8]

Celebrações da Palavra de Deus: finalidades –

a) gravar no coração dos catecúmenos o ensinamento recebido;

b) levá-los a saborear as formas e as vias de oração;

c) introduzi-los pouco a pouco na liturgia de toda a comunidade (cf. n. 106). São realizadas durante a catequese.

Exorcismos e bênçãos: os exorcismos são orações de libertação, conversão e fortalecimento, que visam “purificar os espíritos e os corações, fortalecer contra as tentações, orientar os propósitos e estimular as vontades para que os catecúmenos se unam mais estreitamente a Cristo e reavivem seu desejo de amar a Deus” (n. 154). Quanto às bênçãos, diz o Ritual: “Sejam dadas aos catecúmenos as bênçãos que expressam o amor de Deus e a solicitude da Igreja, a fim de que, não possuindo a graça dos sacramentos, recebam da Igreja, coragem, alegria e paz para continuarem o trabalho e a caminhada” (n. 102). As bênçãos e os exorcismos podem ser realizados pelos catequistas nas celebrações da Palavra. As bênçãos e os exorcismos podem ser repetidos freqüentemente.

Ritos de transição: Os ritos de transição marcam o fim de uma fase da catequese do catecumenato e o começo de outra. São realizados uma única vez (exceção: a unção dos catecúmenos). São eles:

A celebração de entrada no catecumenato: a admissão dos candidatos, a liturgia da Palavra, a despedida dos catecúmenos. Na admissão é feita a primeira adesão dos candidatos a Cristo; a seguir são assinalados com a cruz de Cristo e entram na igreja. São acolhidos à mesa da Palavra, onde são convidados à escuta do Senhor. Após a homilia recebem a Bíblia, o livro do caminho da fé. Encerra-se com preces e oração conclusiva, após a qual os catecúmenos são despedidos. Pode ser realizada uma confraternização após a celebração (cf. n. 96).

A celebração da eleição ou inscrição do nome: o tempo do catecumenato termina no dia da eleição (n. 134). De preferência é realizada no início da quaresma. É o “ponto capital de todo o catecumenato” (n. 22).

Ritos de entrega: o rito de entrega do símbolo da fé deve coincidir com a catequese “sobre as verdades fundamentais da fé cristã e o modo de vivê-las no dia-a-dia” (n. 184). E o rito de entrega da Oração do Senhor deve coincidir “com o aprofundamento da vida de oração dos catecúmenos” (n. 188).

Escrutínios: celebrações penitenciais (exame atento, minucioso, discernimento) que têm dupla finalidade: “descobrir o que houver de imperfeito, fraco e mau no coração dos eleitos, para curá-los; e o que houver de bom, forte, santo, para consolidá-lo (n. 25). Estão centrados na Palavra de Deus e na oração de exorcismo.

A celebração dos sacramentos da iniciação cristã: realiza-se, normalmente, na Vigília Pascal. “A Vigília é o melhor contexto litúrgico e eclesial para celebrar a iniciação” [D. Ormonde, RevLit 180(2003)27].

Elementos fundamentais do catecumenato batismal:

O caráter iniciático;

A intensidade e integridade da formação;

A gradualidade;

O emprego de ritos;

A referência constante à comunidade.

Características da catequese de inspiração catecumenal: um processo…

…de iniciação cristã integral;

… dinâmico, duradouro, progressivo, marcado por etapas graduais;

…marcado por ritos, sinais e símbolos, que expresse os passos dados e os compromissos assumidos;

… comunitário: parte da, leva à e implica toda a comunidade;

…que comprometa as pessoas e conduza a uma conversão profunda.

O catecumenato prima por uma catequese bíblica, centrada no Mistério Pascal: “Toda catequese deve ter caráter pascal” (RICA 8). A Vigília Pascal e a espiritualidade batismal são inspiração para qualquer processo catequético. Além disso, o processo catecumenal é de responsabilidade da comunidade cristã (maternidade espiritual): parte da, leva à e constrói a comunidade. Recorda constantemente à Igreja a importância fundamental da função da iniciação à vida cristã, que envolve: “o anúncio da Palavra, o acolhimento do Evangelho, acarretando uma conversão, a profissão de fé, o Batismo, a efusão do Espírito Santo, o acesso à Comunhão Eucarística” (Código de Direito Canônico 1229). Proporciona a formação integral a partir da interação catequese-liturgia-conversão de vida.

Diante da importância de se assumir uma catequese de feição catecumenal, é necessário rever todo o processo de catequese em nossa Igreja, para que se paute pelo modelo do catecumenato.

III. Catecumenato infanto-juvenil

Semelhante ao dos adultos em suas etapas, tempos e ritos.

De acordo com o Ritual, a iniciação de crianças e adolescentes pode realizada em três etapas: a celebração da instituição dos catecúmenos, a celebração dos escrutínios ou ritos penitenciais e a celebração dos sacramentos de iniciação. O ritual deixa para as conferências episcopais a possibilidade de adaptar e ampliar a estrutura proposta da iniciação (n. 312). Podem formar um grupo à parte ou participar da catequese juntamente com os já batizados. Na celebração de entrada no catecumenato é pedido aos pais ou responsáveis que manifestem seu consentimento e sua disposição em colaborar com a preparação dos filhos para o batismo (n. 320). O auxílio e o exemplo dos pais são considerados importantes para a iniciação e futura vida cristã das crianças e adolescentes (cf. n. 308). Durante o tempo de iniciação, recomenda-se o contato do padre e dos catequistas com a família do catecúmeno através de cartas, livros, visitas domiciliares, encontros entre famílias (cf. n. 308).

IV. Bibliografia

Ad Gentes

BÍBLIA SAGRADA, tradução da CNBB, Brasília: CNBB / Canção Nova, 2008, 7ª Ed.

BUSCH, José Antônio Moraes, Iniciação cristã de adultos hoje: processo vivenciado na pastoral urbana, São Paulo: Paulus, 2002.

Catecismo da Igreja Católica

CELAM, Documento de Aparecida – texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, São Paulo: Paulus, Ed. CNBB, Paulinas, 2008, 5ª Ed.

CELAM, Manual de Catequética, São Paulo: Paulus,

CNBB, Catequese Renovada – orientações e conteúdos, São Paulo: Paulinas, ????.

CNBB, Diretório Nacional de Catequese, Brasília: CNBB, 2006.

CNBB, Segunda Semana Brasileira de Catequese, São Paulo: Paulus, 2002.

Diretório Geral para a Catequese

LELO, Antônio Francisco, Catequese em estilo catecumenal, São Paulo: Paulinas, 2009.

ORMONDE, Domingos, Iniciação Cristã de Jovens e Adultos, in Revista de Liturgia 163-168(2001)pp. / 169-174(2002)pp. / 175-180(2003)PP. / 181-186(2004)pp.

PAIVA, Vanildo de, Catequese e Liturgia – duas faces do mesmo mistério, São Paulo: Paulus, 2008.

RICA.

Disponível em: https://bemvin.org/a-catequese-de-inspiraco-catecumenal-pe-videlson-teles-de-mene.html