Isaack Hilário Monte Silva1
Maria Aurineide da Costa2
Sandonaity Monteiro Amorim Júnior3
Karidja Kalliany Carlos de Freitas Moura4
RESUMO
O amor por Cristo leva o cristão a anunciar a Boa Nova em todos os lugares e de diversas formas. Isto acontece como consequência da experiência do encontro com o Ressuscitado, que faz nascer uma alegria dentro dele, alegria essa que instiga e entusiasma o catequista a se disponibilizar para preparar uma catequese que dialoga com a realidade de cada catequizando ou catecúmeno. Deste modo, a pesquisa deste artigo tem como objetivo demonstrar que dentro da formação catequética com as crianças e os jovens é possível e interessante a utilização dos desenhos animados, animes e filmes, como ferramenta formativa, já que tais expressões artísticas fazem parte da realidade deles. Trazer para a catequese o dia-a-dia dos jovens e das crianças leva o catecúmeno a desenvolver um verdadeiro interesse de participação na vivência do processo de iniciação à vida cristã. Isto só é possível, também, porque a catequese deixou de ser apenas uma formação doutrinal e passou a ser vivência humanizadora dentro da realidade dos catecúmenos, para tanto é apresentado que o catequista deve ajudar os jovens catequizados a identificar dentro do seu mundo as possibilidades de sua própria formação, deve mostrar que a vida, em todos os seus momentos, inclusive no momento do assistir alguma coisa, é possibilidade formativa. Para o desenvolvimento deste trabalho foi utilizado o método da revisão bibliográfica.
Palavras-Chaves: Animações. Filmes. Catequese. Humanização. Experiência.
ABSTRACT
Love for Christ leads the Christian to proclaim the Good News everywhere and in different ways. This happens as a consequence of the experience of the encounter with the Risen One, which gives birth to a joy within him, a joy that instigates and excites the catechist to make himself available to prepare a catechesis which dialogues with the reality of each catechist or catechumen. In this way, the research of this article aims to demonstrate that within the catechetical training with children and young people it is possible and interesting to use cartoons, anime and films as a training tool, since such artistic expressions are part of their reality. Bringing the daily life of young people and children into catechesis leads the
catechumen to develop a real interest in participating in the experience of the process of initiation into the Christian life. This is only possible, too, because catechesis is no longer just a doctrinal formation and has become a humanizing experience within the reality of catechumens, for this it is presented that the catechist must help the young catechized to identify within their world the possibilities of their own formation, they must show that life, in all its moments, including the moment of watching something, is a formative possibility. For the development of this work, the method of literature review was used.
Keywords: Animations. Films. Catechism. Humanization. Experience.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo busca refletir sobe a utilização de desenhos animados, filmes e animes inseridos na formação catequética direcionado para crianças e jovens. Com o objetivo de apresentar tais expressões artísticas como uma ferramenta pedagógica de grande valia para o processo da formação humano-espiritual do catequizando. Para tanto, será demonstrado como relacionar as animações e os filmes no processo catequético de educação da fé.
Um dos pontos importantes desses tipos de produções artísticas para a catequese se encontra nas possibilidades pedagógicas que elas carregam consigo, pois, muitas vezes, possibilita com que haja um diálogo muito mais fecundo entre a catequese e o catequizando, já que os animes, filmes e desenhos animados fazem parte do dia-a-dia dos jovens e das crianças. Abrindo assim um caminho entre o catequista e o catequizando, onde a catequese não se apresenta mais apenas em sua antiga estrutura constituída de formações doutrinarias, mas indo além, e tentando se fazer presente dentro das próprias vivências cotidianas dos catequizados.
O texto é metodologicamente uma revisão bibliográfica que se divide em duas partes, na primeira é trabalhada a compreensão do que são animes, desenhos animados e filmes, e como estes podem ser utilizados como ferramenta formativa na catequese. Já a segunda parte pretende, primeiro, demonstrar a evolução da compreensão do objetivo da catequese após o Concilio Vaticano II (1964), evolução essa que trouxe novas perspectivas, novos modos de ver a relação entre catequese e catequizando. Por fim, o texto termina apresentado os filmes e as animações como uma ponte segura entre a catequese e a vida dos jovens e das crianças. Ponte está que pode ser usada para trabalhar temas socioculturais, políticos e teológicos.
2 ANIMAÇÕES E FILMES COMO FERRAMENTA DE AJUDA FORMATIVA NA CATEQUESE
Desde a mais tenra idade as crianças são postas de frente a uma tela de televisão ou de celular, segundo Abreu (2019, p.108) há estudos recentes que “constataram que de 64 a 100% de todos os bebês e crianças que estão começando a andar assistem à televisão antes dos 2 anos de idade.” Isto se dá pelo fato de que as crianças enquanto estão sendo ludibriadas pelo brilho e pelo movimento das telas elas deixam seus educadores realizarem outras tarefas.
Este contato com as mídias não tende a diminuir quando as crianças vão ficando mais velhas, na verdade os desenhos animados, os animes e os diversos filmes que essas crianças assistem, com o passar do tempo, vão se tornando parte da cultura delas, ou seja, vão se tornando parte fundamental na construção de seu mundo simbólico. Deste modo, é possível perceber que é através da interação com as animações e os filmes, na contemporaneidade, que as crianças constroem “sua personalidade, seus valores, […] seu repertório lúdico e seu caráter de Homo ludens” (BARBOSA; GOMES, 2013, p. 327). Sendo assim, não há como falar nas crianças e não trazer para o debate o papel formativo desses filmes e animações.
É certo que nem todas essas formas de entretenimento auxiliam verdadeiramente na educação desses pequeninos. Mesmo dentre os desenhos animados e animes há uma gama de produções que não são destinadas ao público infantil. Além disso, Abreu (2019) lembra, também, que até os programas que são apresentados como educativos para as crianças podem não o serem, pois, cerca de três quartos desses programas nunca foram realmente avaliados quanto a suas potencialidades educativas. Sendo assim, se faz necessária a presença constante dos educadores na vida das crianças, seja na hora de escolher quando e quais animações ou filmes elas irão assistir, mas acima de tudo, a presença dos educadores é fundamental para auxiliar esses pequeninos a desenvolverem uma reflexão crítica sobre aquilo que estão assistindo, ao ponto de poderem, juntos com seus educadores, extraírem reais valores educativos daquilo que, a princípio, era só entretenimento (PLATT, 2018).
Entender a distinção entre animes e desenhos animados é fundamental para ajudar a desenvolver qualquer reflexão crítica acerca das obras de animação. A distinção principal, e mais evidente, é que os animes são oriundos da cultura oriental enquanto os desenhos animados são produtos da cultura ocidental (FARIA, 2008). Outro ponto que merece destaque é o fato de que os heróis apresentados nos animes são “desenhados a partir do mundo real. Neste aspecto incide a diferença fundamental em relação aos personagens ocidentais – são pessoas comuns na aparência e de conduta modesta” (p. 154).
É comum ver os heróis sendo retratados nos animes mais como anti-heróis, ou seja, são heróis que, por vezes, têm dúvidas, sofrem e erram. Diferentemente dos super-heróis das animações ocidentais, que quase nunca tem sua conduta ética questionada, nos desenhos animados a distinção entre o bem e o mal é bem acentuada, é possível perceber claramente quem é o “mocinho” e quem é o inimigo. Já nas animações orientais a cultura do yin-yang é muito forte, o conflito entre o bem e o mal ocorre dentro do próprio herói. Por conter essa característica, os animes conseguem com, mais facilidade do que os desenhos animados, trabalhar profundos temas filosóficos e existenciais. É importante ainda ressaltar um traço visual característico destas animações: os olhos grandes, que tem relação direta com essa dimensão reflexiva dos animes, pois colocar olhos grandes nos personagens facilita a transmissão de “emoções sinceras e psicologicamente profundas” (FARIA, 2008, p. 151).
Um dos animes mais conhecidos e que traz esse substancial traço oriental do herói que possui conflitos internos é Naruto do autor Kishimoto. Sobre este anime Vieira (2016, p. 847) relata o seguinte:
Naruto é uma obra recheada por conflitos emocionais e pela discriminação sofrida pelo protagonista e por diversos outros personagens que compõem a trama. O autor leva os leitores/espectadores a aproximarem-se desses sofrimentos do jovem ninja e, em muitos casos, a enfrentar seus próprios conflitos diante do que a história narra.
Em contrapartida, os desenhos animados também trabalham significativos temas, pois, por serem influenciados diretamente pela cultura ocidental, eles trazem consigo alguns traços característicos da cultura greco-romana e da cultura judaico-cristã, já que estas são a base do pensamento ocidental. Um exemplo muito claro dessa interação aparece na história do Superman de Mark Waid e Alex Ross: Reino do Amanhã (GOMES; BARBOSA, 2019), tal história apresenta o personagem principal, em alguns momentos, vivenciando e tomando atitudes semelhantes ao messias da fé cristã: Jesus Cristo.
Além dos animes e dos desenhos animados se tem também os filmes, estes possuem um enredo muito mais curto, isto é, suas histórias são contadas em um curto espaço de tempo. Todavia, os filmes não deixam de serem importantes veículos de informação e podem apresentar um enredo recheado de mensagens reflexivas e simbólicas. Duas grandes obras literárias e cinematográficas desenvolvida no ocidente, mas que também marcaram muito o oriente (FARIA, 2008, p. 154-155), são: O Senhor dos Anéis e O Hobbit. Em O Hobbit, por exemplo, a história narra não só uma aventura, mas também uma trama de amadurecimento pessoal dos personagens; o protagonista, Bilbo, é o personagem onde este amadurecimento se dá de forma mais acentuada. Ao longo do enredo Bilbo não só transforma suas “fraquezas” em
qualidade, como também vai se auto conhecendo, isto é, vai gerindo um conflito interno sobre sua própria identidade (OLSEN, 2012).
Sendo assim, são muitas as colaborações que as animações e os filmes podem trazer para ajudar os educadores na formação das crianças. A utilização dessa ferramenta no processo formativo contribui para que esses pequeninos percebam que aquilo que eles assistem com tanto entusiasmo pode ser reflexo do mundo que está ao seu redor. Ademais, os filmes e animações conseguem trabalhar com mais leveza aquilo que muitas vezes os adultos só conseguem expressar com um linguajar rígido e de difícil assimilação pelas crianças. Neste sentido, a catequese, por possuir essa dimensão educativa, pode se utilizar dos animes, filmes e desenhos animados. Ao fazer isso a catequese traz a vida cotidiana das crianças e adolescentes para junto de si e cria um laço formativo mais intenso.
3 ENTENDENDO A CATEQUESE E O MODO DE SE FAZER PRESENTE NA VIDA COTIDIANA
A catequese sempre se manteve como uma das principais tarefas da Igreja Católica Apostólica Romana. Isso porque Cristo ressuscitado, antes de subir para o Pai, deu aos seus apóstolos a missão: “ide e anunciar o evangelho entre todas as nações (Mt. 28,19ss).” Observando seus ensinamentos, suas palavras, atos e mandamentos, sinais, fazendo novos discípulos. Com isso a catequese abrange toda a vida do ser humano, ela é vista desde os primórdios da Igreja, onde Cristo confia a seus discípulos homens e mulheres o poder de anunciar a Boa Nova a todos, tudo o que viram e ouviram, e tocaram com suas próprias mãos.
A Igreja no Brasil, especificamente a partir do Concilio Vaticano II, compreendendo sua caminhada de missão evangelizadora foi fazendo algumas “[…] adaptações necessárias, que refletiam a caminhada da Igreja e o movimento catequético brasileiro.” (DNC, 2002), o encontro da Assembleia Geral dos Bispos no ano de 2002 foi um momento muito rico de debate sobre a caminhada da catequese no território brasileiro. A partir deste encontro foi realizada a elaboração do documento Diretório Nacional de Catequese (DNC). Mais tarde, depois de adaptações e revisões, o texto foi aprovado na quadragésima terceira (43°) Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em agosto de 2005. O diretório tem como objetivo apresentar a natureza e a intenção da catequese, proporcionando os critérios de ação catequética, em orientar, organizar e encorajar para atividade da ação catequética nas devesas regiões do Brasil.
Desta forma, proporcionou uma grande inspiração, impulsionando novos passos na ação catequética em suas diversas abordagens: bíblica, litúrgica, tentando fortalecer a fraternidade e comunhão. O diretório abordou também a participação de adultos na catequese somando como grande carga de transformação da sociedade, segundo a Doutrina Social da Igreja.
A especificidade da catequese, distinta do primeiro anúncio do Evangelho que suscita conversão, visa o duplo objetivo de fazer amadurecer a fé inicial e de educar o verdadeiro discípulo de Cristo, mediante um conhecimento mais aprofundado e sistemático da Pessoa e da mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo (CT 19).
Em suma, a catequese abrange toda a vida humana, buscando sempre o amadurecimento espiritual na fé, proporcionando uma verdadeira vida crista. Nisto a catequese se torna responsável e essencial na preparação das pessoas que buscam receber os sacramentos da Igreja católica, que são o Batismo, a Confirmação (Crisma) e Eucaristia. Assim essa preparação tem o nome de Iniciação a Vida Crista (IVC), que parte desde o seio familiar até a própria confirmação pessoal de quem busca seguir a Cristo. Sendo que essa formação não tem o objetivo de finalizar, mas de se expandir por toda vida cristã.
É fundamental olhar para alguns destaques fortes da catequese. Em primeiro lugar, como fala o Padre Luiz Alves de Lima em uma entrevista para o site da Comissão Episcopal para Animação Biblico-Catequetica da CNBB: é importante observar como a catequese era entendida nos primeiros séculos da Igreja: o nome catequese que já surgiu com a contexto catecumenato marcado por uma ritualidade e mistagogia, que proporcionava um ensino da doutrina cristã.
Diante dessas últimas décadas no caminhar da catequese pode-se dizer que se formou um novo modo de entender a catequese e sua metodologia. Se antes era direcionada apenas ao catecismo com formulas de memorização. O Concilio vaticano II, dar uma nova orientação reconstruindo a formação catequética dando prioridade a Palavra de Deus, ou seja, a Bíblia, com foco na educação da fé, levando a catequese a se encontrar com a vida do catequizando e dialogar com ela. Demostrando assim que o atual processo catequético volta seu olhar para a formação humana do catequisando (ALBERICH, 2004).
Sendo assim, é necessário observar temáticas que englobam o interesse geral, trazendo materiais que desenvolvam a criatividade, os saberes e as percepções acerca da própria vida do catequizando, ajudando na compreensão e no desenvolvimento sociocultural dele, agregando conexões e percepções do espaço em que ele vive.
Essa conexão das crianças e jovens com os desenhos animados e filmes encontra-se na vivência diária deles, por isso que a utilização dessas ferramentas na catequese oferece para
elas uma forma de aproximá-las desse espaço formativo. As narrativas das histórias mostram experiências vividas dentro e fora da realidade de cada criança ou jovem, aguçando sua percepção de mundo ao ajudá-la a refletir, criticar, adaptar e aceitar as diferentes formas didáticas.
O modo como se apreende o conteúdo na catequese tem sua importante para que aquilo que é ensinado seja maturado ao longo da vida do catequizando, pois, a metodologia utilizada auxilia no desenvolvimento de experiências que dão significado, isto é, cria vínculos e laços com o que lhe é exposto. És o porquê utilizar filmes ou animes no processo catequético. Muitas crianças encontram uma afinidade com sua realidade nestas animações e filmes, ou seja, tais ferramentas podem ser vistas como possibilidades pedagógicas que além de trazerem o mundo do catequizando para dentro da catequese também trazem o incrível universo da fantasia, que por si só enriquece os encontros da catequese, principalmente com as crianças, mas podendo se torna uma narrativa que atrai, também, os jovens abordando temas interessantes que se vincula, muitas vezes, com o que é vivido por muitos deles.
Nesta perspectiva, o escritor Lucas Vieira (2016, p. 845) relata que é possível e preciso trazer para o ambiente educativo os filmes e as animações, pois tal ambiente “[…] passa a ser extremamente conectado com as experiências pessoais de cada um […]”, experiências essas que englobam também o assistir e o ler.
Neste sentido, a catequese deve ser pensada para desenvolver o interesse de crianças e jovens de forma responsável tentando fazer essa conexão entre aquilo que é ensinado nesse processo inicial de formação cristã e todo a vida do catequizando, trazendo propostas e materiais diversos de forma prática e objetiva que desperte o interesse de todos. Esforçando-se, assim, para ajudar os jovens e as crianças a desenvolverem uma forma de pensar mais humana, ajudando-os, neste sentido, a agirem e se posicionar com facilidade e clareza perante os diversos dilemas que surgem nos dias atuais, agregando em si a responsabilidade de decidir pelo que é certo e errado (VIEIRA, 2016).
A utilização de filmes e animações como possibilidade pedagógica no processo formativo da catequese também auxilia o próprio catequizando a transmitir de forma mais dinâmica e prática aquilo que ele apreendeu na catequese para as pessoas que estão a sua volta: amigos, familiares e etc., ou seja, as crianças e os jovens conseguem exercer sua função de evangelizadores com mais facilidade no seu dia-a-dia, já que elas terão apreendido com muito mais profundidade aquilo que lhes foi ensinado. O catequisando se torna, assim, ao mesmo tempo um ser docente e discente. Mas isso só é possível se o catequista praticar sua docência de forma dócil e responsável utilizando sempre como base para o dialogo a própria vida do
catequizando. Sobre este ponto Viera (2016, p.849) diz o seguinte: “a pratica docente só pode ser realizada com responsabilidade quando se reflete sobre o contexto em que ela se materializa.”
Os filmes e as animações auxiliam o catequista principalmente quando este realiza debates sobre temas complexos e que estão carregados de tabus e preconceitos, tais como: bulling, homofobia, empoderamento feminino, violência doméstica e etc. (FARIA, 2008). Assuntos estes que muitas vezes são trabalhados de forma superficial ou simplesmente não é trabalhado nem na escola, nem no ambiente familiar.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito além do que qualquer tarefa, a catequese possui um objetivo central: ajudar com que as pessoas desenvolvam em si mesmas a experiência de uma vida em Cristo. Para tanto, a catequese se apresenta como um período de formação inicial (ALBERICH, 2004), que deve auxiliar o catequisando a desenvolver uma sensibilidade educativa, ou como Cencine (2012, p. 54) costuma chamar: docibilitas, termo que “significa ‘ensinabilidade’, ou melhor, ‘disponibilidade em deixar-se ensinar, aprender’”. A docibilitas é ainda a capacidade de capitar em todos os momentos da vida, sejam momentos bons ou ruins, a presença formativa de Deus. Neste sentido, a docibilitas pode, inclusive, ser vista como uma categoria pedagógica necessária para que a catequese consiga perceber as possibilidades formativas dos filmes e das animações. Não só o catequista deve perceber as possibilidades formativas dessas produções artísticas, mas o próprio catequizando deve ser capaz de apreender isso, para que as crianças e os jovens também tenham a habilidade de, quando terminarem o período da catequese institucional, transformar suas próprias vidas em uma catequese permanente, para que possam, mesmo quando estiverem em seus momentos de lazer, assistindo filmes ou animes, sentirem- se provocados ao ponto de se perguntarem: O que isto, ou em que isto, pode ajudar na minha formação cristã? Como este filme ou animação colaborou para que em mim se desenvolvessem
os sentimentos de Cristo?
Sendo assim, a arte pode ser vista como tendo o poder de ser provocadora, de ser um ambiente formativo e, por isso, a catequese, por ser um processo formativo, deveria ter uma especial atenção para com ela. Um outro quesito, que precisa ser observado como relevante, é a possibilidade de torna essas expressões artísticas em uma ferramenta que consegue facilitar a comunicação no ambiente catequético, muitos temas socioculturais e teológicos considerados complexos são trabalhados de forma muito perspicaz em diversos filmes e animações, por
exemplo, um tema muito caro para o antigo testamento e que é bastante trabalhando no anime
Shingeki no Kyojin (Attack on Titan) é o tema da retribuição divina.
AUTORES
1 Possui graduação em Filosofia pela Faculdade Católica de Fortaleza (2021) e é graduando em Teologia pela Faculdade Católica do Rio Grande do Norte. E-mail: isaackmontes@gmail.com.
2 Graduanda em Teologia pela Faculdade Católica do Rio Grande do Norte. E-mail: costam.leda@gmail.com.
3 Possui graduação em Filosofia pela Faculdade Católica de Fortaleza (2021) e é graduando em Teologia pela Faculdade Católica do Rio Grande do Norte. E-mail: sandonaity@gmail.com.
4 Orientadora. Possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2003), Mestrado em Ciências pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2006) e Doutorado em Ciências pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2009). Possui Pós-doutorado em Desenvolvimento Sustentável. E-mail: extensao@catolicadorn.com.br.
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